sábado, 31 de julho de 2010

Day 6


 For a stranger.

Pra alguém que me abordou na porta da minha casa às duas da tarde de ontem.

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Estranho eu estar escrevendo sobre você, já que o único contato que tivemos foi quando você me mostrou a arma e roubou meu celular em seguida. Mas sei lá, alguma coisa na sua expressão me fez pensar que talvez, quem sabe, você não fosse alguém tão ruim. Talvez fossem as drogas apenas. Talvez seja minha mania de ver o lado bonito das coisas, por mais que você tenha roubado meu celular e eu o esteja xingando eternamente hoje. Naquele momento em que eu parei pra tentar reaver pelo menos o chip e você olhou pra mim de uma maneira indecisa foi que eu percebi que talvez o mal não esteja contigo o tempo todo. Porque eu estava sendo uma pessoa idiota, você armado e eu querendo argumentar. Mania estúpida de achar que a conversa vence tudo. Você podia ter simplesmente sacado a arma e atirado em mim. Ou podia ter me batido também, apesar da presença do Flavio ali. Mas você não o fez. Você ainda tentou me devolver o chip. E eu não sei por que isso fica rondando a minha cabeça, por que eu acho isso uma atitude de uma pessoa boa. Porque, caramba! Ainda assim você levou meu celular embora, com todos os meus arquivos e mensagens e fotos e, pior, todos os meus créditos eternos!
Não dá pra entender. Ao mesmo tempo que eu sinto uma raiva gigante de você eu também sinto uma pontadinha de compaixão. Essa vida deve ser foda. Esse vicio deve ser foda. Me pergunto onde você está agora, provavelmente se drogando em qualquer beco escuro por aí. Ou talvez você não esteja mais por aqui. O que me choca é ver como as drogas acabam com a vida de uma pessoa e saber que talvez sem esse vicio você pudesse ser alguém bacana.
Nossa, olha o que eu to falando. Eu to sentindo compaixão pelo cara que roubou meu celular! Eu devo ser idiota mesmo. E isso me dá vontade de rir, ao mesmo tempo.
Sei lá, só queria dizer que eu te perdôo, vai. Perdôo você por ter roubado meu celular, pela arma que você usou pra me ameaçar e por não ter tirado meu chip quando eu pedi. Até agradeço por não ter sacado aquela coisa e atirado em mim, de verdade.




Mas procura ser alguém melhor, cara. Você não é do mal. É sério, procura ser alguém melhor.

sábado, 24 de julho de 2010

Day 21

For someone I juged by their first impression.

Para Flavio Gonzalez



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Eu te via todos os dias na porta da GV. Você, com os cabelos presos num rabo, chinelos surrados e camiseta do São Paulo. Sua pose intimidava, e eu lembro que sempre tive medo de me aproximar e conversar porque, bom, você já tinha batido em amigos meus (hehe). Eu não gostava muito de você não, te confesso. Achava que você era encrenqueiro por falta de coisa melhor pra fazer e que a sua vida era arranjar briga simplesmente porque você era idiota. A primeira coisa que eu reparei no nosso primeiro contato direto (aquele dia gostoso em que eu tava com a perna engessada e você equilibrou minha muleta no queixo, lembra?) foi na sua língua presa. Ah, vai, não queira me matar! Eu até acho bonitinho quando você fala três mil trezentos e trinta e três! Sei que naquele momento tudo o que eu achava de você caiu por terra. Porque, sei lá, tinha uma doçura enorme na maneira como você falava e tratava os seus amigos. Eu senti vontade de ser tratada da mesma forma, sabe? De saber que mesmo que ninguém se importasse, você se importava.
Agora você faz parte das pessoas que mais importam pra mim e que mais fariam falta na minha vida. Eu não consigo mais imaginar pelo menos um dia da semana sem você lá na porta, ameaçando os bixos com sua pose de machão e me abraçando como se não me visse há duas décadas. Hoje, Fla, quando a gente conversou sobre tudo de uma maneira um tanto quanto resumida e eu te disse que você era foda e que era uma das melhores pessoas que eu conheço, você me disse que não entendia o por quê. E eu sei que não era falsa modéstia. Só que sabe, existem coisas que mesmo não ditas valem mais que mil palavras. Eu não preciso que você fale pra saber o que se passa com você e não preciso que você me diga nada pra eu entender o que você quer dizer. E existe uma coisa dentro de você que simplesmente é exalada por todos os poros do seu corpo: o amor. Blablabla, que coisa clichê e cuti-cuti. Me zoa aí, vai, pode falar que eu sou mimimi. Mas não esquece que você tem muito amor dentro de você, Fla.
Eu não vou deixar você perder a sua fé em si mesmo. Não enquanto eu tiver fé o bastante pra nós dois. Se o peso for muito grande a gente divide, em dois é mais fácil de carregar.
Te amo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Day 28


For someone that changed my life.
 
"Eu sou o leão."




Para Tiago

Engraçado, e eu nem sei o seu sobrenome. Eu sei, é estranho. Estranho como um dia muda tudo.
Você poderia se encaixar em vários tópicos dessa lista, sabia? Uma pessoa simpática que eu conheci por apenas um dia, alguém para quem eu gostaria de dar uma segunda chance, alguém pra quem eu fiz uma promessa... mas acima de qualquer outro item desses, você mudou a minha vida.
Sabe, eu nunca imaginei que aquilo fosse acontecer. Pra mim era só um feriado diferente em que eu me divertiria e voltaria na terça pra casa com um sorriso enorme no rosto. Ninguém espera que um dia mude tudo. Ninguém espera ver a morte tão de perto. Ninguém espera se sentir tão impotente e tão pequeno diante dessa força sobrenatural que move tudo ao nosso redor. Eu queria de verdade que a minha força física tivesse sido tão forte quanto a minha vontade de te tirar de lá, de te levar pro seguro no chão firme da terra. E eu queria também que o meu medo não tivesse superado a minha determinação. Eu me culpava, sabe. Eu achava que eu podia fazer alguma coisa. Eu deveria ter desafiado aquela maré, devia ter olhado pro céu e gritado ‘ei! Parou a brincadeira, né?’. Eu devia ter mostrado que eu sou sim tudo aquilo que eu sempre pensei que fosse. Mas me perdoa, Ti (e eu falo assim sem nunca ter tido qualquer tipo de intimidade com você... mas talvez nós entendamos essa ligação tão surreal, não é?), me perdoa por ter me desesperado quando senti meu rosto afundar com o seu. Me perdoa se a minha mão não foi forte o bastante pra segurar a sua. Eu sei que não tenho culpa, eu sei disso. E você não precisaria repetir isso pra mim. Mas algo lá no fundo me diz que talvez tudo pudesse ser evitado. É a parte insana gritando mais alto, sabe? Minha parte egocêntrica que se sente a altura de desafiar até mesmo o mar.
Eu não lembro muito bem se foi no momento em que eu ajoelhei na areia e senti a vida correndo por todas as veias do meu corpo e agradeci a Deus por isso, ou se foi depois, em casa, quando eu pedia perdão por não ter te trazido de volta. Mas eu lembro da promessa que eu te fiz. E eu a mantenho. Você morreu pra mudar minha vida, e eu vou fazer o máximo pra viver tudo o que você não teve oportunidade de fazer. Eu já comecei, e espero que você esteja se orgulhando de mim até agora.
Eu sei, eu nem te conhecia. Eu nem sei o seu sobrenome. Eu não conheço a sua família. Mas o que a gente passou naqueles breves cinco minutos na água não tem explicação, e nenhum tipo de conhecimento a seu respeito pode se comparar ao laço que a gente criou naquele momento. Eu me sinto responsável, sabe? Me sinto na obrigação de viver. Me sinto na obrigação de acordar todos os dias e sentir meu coração pulsando. Me sinto na obrigação de falar mais "eu te amo’s" pras pessoas.
O que mudou a minha vida foi exatamente isso. Essa vontade de sorrir mais do que chorar, essa vontade de falar, essa vontade de sentir. Foi essa vontade de viver. Não agradeço de forma nenhuma que você tenha precisado morrer pra eu acordar pra vida, mas agradeço por, indireta ou diretamente, ter aberto os meus olhos pro mundo. Obrigada, Tiago. Obrigada por me dar essa segunda chance. Obrigada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Day 15


For the person that I miss the most.
Para minha estrela, minha avó, minha mãe, meu tudo.

Doracy Luzia Giulliane Navarro

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Eu sei que eu já escrevi umas duzentas cartas pra você e que nenhuma delas você chegou a ler. Mas sei também que de alguma forma você conhece cada vírgula delas.
Eu perdi as contas de quantas vezes eu olhei pro céu ou pro teto do nosso quarto sem realmente enxergar e perguntei o por quê. Eu nunca entendi o motivo pelo qual você se foi e por mais que digam que era a sua hora e que você está num lugar melhor agora, uma parte de mim – aquela parte egoísta de todo ser humano, sabe? – ainda não aceita a falta da sua voz ecoando por essa casa enorme. Antes ela era tão cheia e hoje parece tão vazia. Seis prato na mesa viraram cinco, duas camas virou uma... só subtração. Só essa falta imensa gritando no silencio de todos os cantos. A única coisa que não reduziu em nada foi o meu amor por você.
Parando pra pensar agora, eu me lembrei de milhões de coisas e percebi que você nunca deixou de participar de cada momento da minha vida. Como daquela vez em que eu, no auge da insegurança dos meus doze anos, me ajoelhei ao seu lado no sofá e contei que achava estar namorando um garotinho da escola. E quando estávamos só as duas na cozinha do apartamento da tia e você disse que me viu. E ‘Nossa, Teté, como você cresceu!’.  Eu lembro de cada madrugada que eu passava deitada na sua cama conversando sobre qualquer coisa e, mesmo com sono, você me ouvia e ria comigo de qualquer bobagem. E daquela vez que eu fiquei até as quatro horas da manhã chorando pela morte de um personagem fictício e você me consolou, sem questionar sua (não) existência. Eu lembro, vó, eu lembro de cada momento da minha vida em que você estava nela. De cada brincadeira de ‘pé com pé’, de cada massagem que eu fiz na sua mão, de cada gota de colírio que eu pinguei nos seus olhos. Eu lembro, vó. Algumas coisas mais claras, outras menos. Lembro vagamente de você triste por não poder mais enxergar o céu. Agora ele é seu. Olha pra ele, olha pra você. Não esquece nunca que eu te amo, por mais que eu não tenha dito o suficiente quando você ainda podia me ouvir. Você é minha estrela agora.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Day 1






For my best friends

É difícil escolher só uma pessoa pra essa aqui. Não me entendam mal, mas não gosto de dividir as pessoas em melhores ou piores porque, bom, cada um toca meu coração de um jeito diferente. Por isso a carta desse dia será dividida em três partes.

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Para Rebeca Cordellini Emídio
Eu sei que já escrevi pra você antes e que todo o apoio que eu queria te dar já foi dado. Então essa carta vai ser pra falar o tamanho da palavra importante quando eu falo de você. (haha) Não sei se faz algum sentido, mas sabe quando o coração escolhe alguém? O meu escolheu você. E digo isso com certeza, porque nós somos tão diferentes, mas tão tão iguais. Eu ainda tento achar nossas semelhanças, que não são tão visíveis assim, mas que ao mesmo tempo estão em tudo. E eu acho que não preciso me prolongar explicando isso, porque a gente entende – a gente sempre entende. Então me desculpa se um dia eu deixei coisas menores e menos importantes que nossa amizade nos afastar. Desculpa se eu não estive do seu lado quando você precisou de mim naquela época, mas obrigada por me aceitar de volta. Obrigada por ser você. Eu te amo.

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Para Thays de Oliveira
Você não podia faltar. E sabe por que não? Porque você tá comigo desde a sétima série. Mas caminhando do meu lado desde a oitava. E eu agradeço por nunca, mas nunca me deixar sozinha. Porque sabe, sempre que eu pensava no quanto eu tava sozinha eu lembrava que eu tinha você. Então não me esquece nunca, mesmo que a gente não se veja tanto quanto gostaríamos (o que é uma vergonha já que você é praticamente minha vizinha), você mora no meu coração. E não se sinta sozinha nunca, porque você tem a mim. Minha Moony, eu te amo.

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Para Rafaella de Almeida Vasconcellos


Eu lembro da primeira vez que eu te vi pessoalmente. Você estava com aquele casaco verde caquinha (lembra disso?) e eu lembro que eu tava mega nervosa. Depois que a minha mãe foi embora e a gente ficou colando figurinhas no álbum do Harry Potter que você me deu, eu lembro que o nervosismo passou e que eu senti que você seria alguém com quem eu poderia contar pro resto da minha vida. Você é assim pra mim, Lelinha, eterna. Te agradeço por nunca, nunca ter me julgado e por estar ao meu lado sempre que eu precisei. Por mensagens, por MSN, por pensamento, de qualquer jeito. Você sempre deu um jeito de estar em todos os momentos da minha vida desde o dia em que nos conhecemos. Eu quero que você saiba que eu te amo de um jeito absurdamente enorme e que eu te apoio em todas as suas decisões e que eu vou estar do seu lado sempre que você perseguir um novo sonho. E não desiste deles não, sabe? Eles são grandes e são lindos. E por mais que não pareça que você conseguirá, você consegue. Você sempre consegue. Eu te amo mais do que você imagina.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Endereço não encontrado

Vi esse post da Pam e achei que seria legal me meter numa loucura dessas. Talvez eu sempre quisesse escrever pra pessoas aleatórias e nunca tivesse percebido. Vamos ver no que dá! (e sem seguir as regras, porque elas me irritam absurdamente.)

Day 1 — Your Best Friend
Day 2
— Your Crush
Day 3 — Your parents
Day 4 — Your sibling (or closest relative)
Day 5 — Your dreams
Day 6 — A stranger
Day 7 — Your Ex-boyfriend/girlfriend/love/crush
Day 8 — Your favorite internet friend
Day 9 — Someone you wish you could meet
Day 10 — Someone you don’t talk to as much as you’d like to
Day 11 — A Deceased person you wish you could talk to
Day 12 — The person you hate most/caused you a lot of pain
Day 13 — Someone you wish could forgive you
Day 14 — Someone you’ve drifted away from
Day 15 — The person you miss the most
Day 16 — Someone that’s not in your state/country
Day 17 — Someone from your childhood
Day 18 — The person that you wish you could be
Day 19 — Someone that pesters your mind—good or bad
Day 20 — The one that broke your heart the hardest
Day 21 — Someone you judged by their first impression

Day 22 — Someone you want to give a second chance to
Day 23 — The last person you kissed
Day 24 — The person that gave you your favorite memory
Day 25 — The person you know that is going through the worst of times
Day 26 — The last person you made a pinky promise to
Day 27 — The friendliest person you knew for only one day
Day 28 — Someone that changed your life
Day 29 — The person that you want tell everything to, but too afraid to
Day 30 — Your reflection in the mirror


Queria ver a cara de cada pessoa pra quem vou mandar ao ler isso aqui. HAUAUAU! 

Meu caminho


Não sei como começar. Não sei se existem palavras suficientes pra expressar o que eu gostaria de dizer pra todos vocês. Então vai como sair mesmo. Vai naquela espontaneidade que vocês e o tempo me devolveram. Me desculpem se eu pecar pelo clichê, de verdade. Mas eu preciso agradecer. Agradecer por me darem essa vontade de ser melhor, por me fazerem acreditar todos os dias que eu consigo. Pelas mãozinhas amigas que têm me estendido todos os dias e pelas indicações pelo caminho que me levam sempre pra um lugar melhor. Por me trazerem de volta o sorriso sincero no rosto e por não deixar esse sorriso se apagar. Pelas horas perdidas (ou ganhas) no MSN conversando sobre qualquer coisa (ou não), pelos conselhos e pelas discussões que fizeram e fazem de mim uma pessoa melhor. Por preencherem o meu vazio com palavras, gestos, carinhos. Até pelos xingamentos e por todas as vezes que vocês me mandaram tomar no cu, obrigada. Obrigada de verdade por me segurarem quando eu sinto que vou cair, e pelos roxos e arranhados de beliscões e tombos que a cabacinha aqui acaba tomando. Obrigada pela intimidade, pelos abraços, por nunca me deixarem sozinha. Valeu pelas palavras duras e por todas as vezes que vocês viraram a cara pra mim por coisas erradas que eu acabei fazendo, e desculpa se eu interpretei errado quando vocês diziam que largavam mão. Obrigada por todos os próximos obrigadas que eu vou dizer pra vocês ao longo da minha vida e por todos aqueles que eu tenho certeza que ainda vão faltar. É que não tem como agradecer essa coisa morna que me acalma e me faz ter certeza que, até nos piores momentos, tudo vai ficar bem. Por causa de vocês.