quarta-feira, 2 de março de 2011

open the sky for me now II

Faz um tempo que eu percebi que você passa por aqui à jato e me dá tchau da janelinha. Eu procuro em cada sorriso a sua boca, e em cada palavra a sua voz, porque no final, eu não resolvi nada que eu tinha pra resolver com você. Porque você não me ouvia – ou fingia que não ouvia. A verdade é que eu estou cansada de te devolver o tchauzinho e seguir em frente, porque eu não preciso disso. Porque eu sou mais que esse monte de palavras digitadas, com pressa e sem olhar para o teclado, sobre você e como tudo que me rodeia me faz lembrar das suas palavras, ou do seu andar metido e introspectivo ao mesmo tempo. Porque, quer queira quer não, eu segui em frente, então você tem que parar de me puxar pra trás. Então é essa a decisão: eu vou vestir meu all star surrado e andar pra frente, porque eu vejo um futuro indefinido, mas que faz mais sentido do que esse presente sufocado. Mas eu tropeço, mas eu caio, e talvez eu não tenha tanta força quanto eu me gabo de ter. Eu levanto, machucada, destruída, e de repente percebo que o tombo foi, na verdade, um salto pra trás. E então aquele futuro tão melhor, tão diferente, está tão, tão longe. E eu só queria, sei lá, pegar carona no seu jatinho pra chegar mais rápido nas conclusões, sem precisar tocar a campainha de todos os porquês. As respostas que me recebem não fazem sentido, e eu aprendi que nada faz sentido. E agora o outro você me puxa pra trás e me diz tudo que eu não preciso ouvir, tudo que martela na minha mente todos os dias desde que eu decidi ser quem eu sou, não quem você quer que eu seja. Se isso não é o bastante pra ter sua aprovação e seu amor, novamente eu gostaria de pegar aquele jatinho, só pra não precisar atravessar a rua e tocar a campainha das respostas do lado de lá, que por algum motivo preferem não me atender. O que também não é um grande problema, porque nada faz sentido. Então quando eu coloco o pé na rua e olho pros dois lados, eu simplesmente volto mais uma vez pra dentro de casa. Aqui o não fazer sentido faz sentido. Mas vem o meu terceiro você, aquele que me olha nos olhos todos os dias no espelho, e me pergunta quem eu sou, quem eu busco, o que eu busco. E dessa vez não existe nem rua, nem portas, nem jatinhos, porque eu sou minha pergunta, minha resposta e meu caminho. E nenhum deles têm sentido.

open the sky for me now

E então eu apaguei tudo e percebi que esse parágrafo de quase dez linhas era tão vazio quanto o buraco que você deixou quando foi embora, e que não foi preenchido por nada desde então.