domingo, 27 de junho de 2010

Quando as minhas não bastam

"Venha, não tenha medo. É só o mar. Não, eu não sei nadar. Eu te ajudo, vem. Confia, vem. Estica a perna assim, abre o braço assim. Respira assim. Vem. Mas eu não sei. Mas eu tô aqui. Olhe meus olhos tão arregalados, como posso guardar mentira aqui? Eu posso cantar pra você, eu posso te segurar, eu posso ficar aqui até você conseguir. Eu não sei. Tá perto. Vai. Solta da borda. Eu sei, você já foi parar no fundo. Mas agora é diferente. Tá mais raso. E eu tô aqui. Eu vim do outro lado do oceano. Eu vim só por sua causa. Vem, larga da borda. Pode vir. Eu vi você como você é e é por isso que estou aqui. Confia. Não sei. Pode vir. Não tem mais ninguém. A borda é para os peixes pequenos. Solta, isso, relaxa a cabeça no meu peito. Não tem fundo mas eu te ajudo a flutuar. Você pode. Calma. Afoga um pouco no começo, cansa, desespera. Mas você quer como eu quero? Quero. Então eu te ajudo. Vem. Isso. Segura em mim. Paz. Azul. Agora, você está quase conseguindo. Falta só metade. Você está quase chegando, mas eu vou decepar a sua cabeça pra usar de bóia. Eu também não sei nadar."

Tati Bernardi.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Faça o que fizer

Mas não mente. Não mente pra mim falando que está tudo bem e sob controle quando sua vontade é sair por aí gritando. Não mente pra mim falando que não quando é sim. Não mente.





As pessoas continuam me decepcionando.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um pedacinho


O seu olhar é doce. É como pegar um pedaço de nuvem e colocar na boca como se ela fosse algodão num final de dia extremamente amargo. Desmancha na boca e preenche por dentro, sabe? E por mais estranho que pareça, isso te define melhor do que mil palavras bem colocadas. Doce.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Together


Eu ando rápido. Meu passos não são tão ritmados quanto antes, eu tenho caminhado fora da música. E as palavras, por mais sentido que façam, não tem mais soado na minha cabeça como sentimentos disfarçados. Porque sabe, eu tenho pressa. Na minha espera paciente de um futuro ideal, eu perdi tempo, muito tempo. E hoje isso pesa. É um mundo cheio de ilusões despedaçadas me empurrando pra baixo, me mostrando todos os dias que o que a gente vive não é um sonho maluco com aquele toque imperceptível, mas extremamente decisivo, do destino. Não, isso não existe. A minha caminhada foi, por muito tempo, numa reta infinita e pedregosa, e eu ia de olhos fechados esperando mais surpresas da vida. E eu caminhava sozinha. Hoje a maior surpresa foi ter chegado a uma bifurcação. E eu abri meus olhos.

Hoje eu vejo que valeu a pena. E caminho de mãos dadas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A parte que me cabe


 Para Rebeca Cordellini Emídio.
 
A vida teima em brincar com a gente. E você sabe que começa sempre pelo lado mais fraco, e como. Começa sempre por aquele trecho da corda bamba que já está gasto pelo tempo, por tantos pés que já passaram por ali e deixaram sua marca. Mas mesmo corroída, mesmo por aquele fiozinho de resto de vida, a corda bamba continua firme, e todo o ciclo paradoxal que envolve essa firmeza do rompível. Eu sei, o peso as vezes parece insuportável e você pensa em desistir. Qual o problema de deixar romper e cair no vazio do mundo quando o vazio já existe quase sólido dentro de você mesma? Tantas perguntas, tantas dúvidas. E, ironicamente, tanta vida pronta pra ser vivida. As vezes você vê o final daquele caminho torto, mas a ventania é tão forte que te cega. Mas olha, a minha corda é do lado da sua. Não desiste não. Pula pra minha. E, se a sua romper, pega aquele trecho que sobra e remenda. Remenda o seu com o meu. Eu juro que te seguro, mesmo quando a linha parecer tênue demais pra sustentar o peso de dois. Aguenta sim. Aguenta a partir do momento que a vida deixa de ser uma corda bamba e se torna meu abraço pronto pra receber e enxugar suas lágrimas. Eu sempre estive aqui, mesmo quando aquela nuvem negra passou e quase te levou embora. Eu estou aqui agora e sempre vou estar. Por você.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Como eu me sinto


Eu sei, amor, a vida é cruel. E a vida que nos separa é bem maior aqui dentro que lá fora. Mas essa sensação não vai passar. Esse tremor e essa dormência nas pontas dos dedos gelados de frio vai continuar por um tempo. É bom ter intensidade fluindo por todas as veias do corpo, fazendo o coração acelerar loucamente, afinal. É bom ter um motivo pra sorrir. Por mais breves que essas horas eternas sejam, não escolheria ninguém diferente de você para sumir com as minhas respostas prontas e meu raciocínio acelerado. Ninguém.

domingo, 6 de junho de 2010

Quase...

"Tenho andado distraído, impaciente e indeciso. E ainda estou confuso só que agora é diferente, estou tão tranquilo e tão contente. Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém. Me fiz em mil pedaços pra você juntar. E queria sempre achar explicação pro que eu sentia. Como um anjo caído fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira... mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo...
Já não me preocupo se eu não sei por que, às vezes o que eu vejo quase ninguém vê. E eu sei que você sabe quase sem querer que eu vejo o mesmo que você."

Quase sem querer - Legião Urbana



-  Preciso aprender a pedir as coisas direito. Merda.

Fase


Eu gosto de metáforas. Gosto de fingir que o que sinto pode ser concreto por ter cor e ser palpável. Eu já transformei dor em teatro, medo em correntes, amor em chaves, a vida em brincadeira de criança. Agora eu transformei metáfora em metáfora.
É, acho que as minhas acabaram.