quarta-feira, 28 de outubro de 2009

De olhos bem fechados

Aquela garota sempre foi muito estranha. Não que fosse totalmente reprimida, mas havia um pedaço de si que ela não revelava aos demais. E lá estava ela, naquela rodinha mascarada, disfarçando sua infelicidade em risadinhas falsas e sem humor. Então agora são os outros a rir, o que ela não sabe dizer é se foi de uma piada feita por ela ou dela. Tentava, sem sucesso, se convencer de que não fazia diferença, mas fazia. Aliás, esse era um dos motivos de sua introspecção: tentava embaçar a imagem clara que via a sua frente. Principalmente quando se tratava daquele sorriso. A verdade é que nessa ânsia por distorcer tudo o que passava bem embaixo de seu nariz, pensou ter visto algo por detrás daquele riso escancarado. Uma luz, um brilho, uma pontinha de esperança. Naquela bagunça de sentimentos e histórias e sorrisos e imagens e pessoas e almas, se viu refletida em algo inexistente. Testou suas crenças, testou suas habilidades, seu autocontrole, sua índole. E depois de prejudicar a si mesma com essa cegueira absoluta, abriu os olhos e viu nítido, tão claro quanto água: Não valia a pena. E, de fato, nem nunca valera.

domingo, 4 de outubro de 2009

Falta


Eu não aguento mais. Sério. É uma vontade tão grande de sumir, de mudar de ares, de mudar de... tudo. Quanto mais o tempo passa, mais eu percebo o quanto não me encaixo nesse "universo" no qual fui colocada. Mas pulemos o discurso boring e vamos a rápidas considerações:


- Não sou, nem de longe, perfeita, mas faço o que posso para não machucar meus amigos.
- Eu não arrumo briga com os outros. Eu não compro briga de ninguém. Eu não estou envolvida diretamente em nenhum tipo de confusão. Então porque é que sempre sobra pra mim?
- Apesar dos professores serem verdadeiros seres sem coração que acham que as matérias que ensinam são as únicas matérias que existem no mundo e passarem trabalhos realmente complexos, eu tenho cumprido todas as tarefas direitinho, perdendo noites de sono ou algumas horas de aula no dia seguinte. Tudo isso por uma MERDA de um R no boletim. Não sei se meus esforços estão sendo insuficientes ou se os professores além de sem coração também são desalmados. Não sei mesmo.
- Eu trato as pessoas bem. Ou pelo menos não destrato ninguém.
- Eu faço o que eu posso pra ser lembrada por quem eu sou, e não por uma pessoa qualquer. Parece que não tem dado certo, afinal.
- Não costumo falar mal dos outros, nem fofocar ou algo que o valha. Mas, ironicamente, meu nome sempre aparece em algum tipo de fofoca sem importância.
- Não tenho um corpo perfeito, mas faço academia. Ou esperava fazer, se tivesse um dia com 48 horas. Só quero que PAREM de uma vez por todas com os comentários degradantes sobre a minha aparência. Acho que pelo menos um pouco de respeito eu mereço, né?
- Sou uma boa ouvinte, e uma boa conselheira – pelo menos é o que os outros dizem. E embora as pessoas sempre tenham uma palavra dura pra me dizer, eu costumo ser o mais gentil possível pra falar coisas desagradáveis.
- Eu trato as pessoas como pessoas, não objetos.
- Também não trato ninguém como pedaço de carne.
- Engraçado que cada pessoa que passa pela minha vida deixa uma marca. E a maioria das pessoas não são substituíveis. Mas eu sou.


Embora eu quisesse muito terminar minhas considerações, parece que eu sou incapaz de passar pro papel o que eu estou sentindo no momento. Só sei que eu não quero mais fazer parte desse mundo, não mesmo. E depois ainda me perguntam por que eu gosto tanto de ler.