sábado, 13 de agosto de 2011

until the very end.


Eu estava relutante em escrever esse texto. É difícil colocar em palavras coisas que nem as lágrimas descrevem. A verdade é que eu tinha medo que escrever sobre o que é Harry Potter na minha vida soasse como uma despedida. Mas não é uma despedida, nunca é uma despedida.

Eu queria que houvesse algo no mundo que explicasse o sentimento de voltar no tempo, porque é assim que eu me sinto sempre que eu pego um dos livros na mão, ou ouço aquela música de um dos filmes. Eu deixo de ser a Stephanie de dezenove anos, cheia de responsabilidades e fobias, e passo a ser a Teté. Só a Teté. A garotinha de oito ou nove anos assistindo à um mundo que ela já achava tão melhor que a vida que ela levava. Eu viro toda olhos felizes e sorrisos brilhantes, porque eu sabia que Harry não era só o Harry. Então eu também não era só a Teté. Eu não sou só a Stephanie. Eu sou algo mais, porque o Harry, o Ron e a Hermione me ensinaram que eu posso ser brilhante sendo eu.

Eu queria poder explicar por que o cheiro dos livros me transporta para o momento em que eu abri a caixa de presente de Natal e encontrei todos os quatro livros, na época, e o quanto abri-los, a partir daquele momento, se tornou um ritual quase sagrado. Durante toda minha vida eu vivi em Hogwarts. Durante toda a minha vida eu lutei ao lado do trio por um mundo melhor. Lutei pelo amor.

Eu queria, do fundo do coração, explicar por que cada morte do livro foi como uma perda pessoal pra mim. E eu queria que entendessem o significado de segurar  o sexto livro nas mãos quando minha avó me consolou durante uma madrugada inteira quando o Dumbledore morreu, e o significado de segurar o sétimo livro nas mãos como único consolo e fuga pela morte dela.

Eu queria que entendessem que cada lágrima pelo final oficial dessa jornada que durou mais de dez anos não é mais tanto por saber que não haverá um próximo livro para se esperar, ou por saber que nunca mais verei Daniel, Rupert e Emma atuando juntos como Harry, Ron e Hermione. É que hoje, quando eu me olho no espelho, eu não vejo mais uma garotinha. Hoje eu vejo aquela do começo, Stephanie, mil e uma responsabilidades e um peso do mundo nas costas.

Mas a garotinha ainda existe, e está estampada em cada sorriso, cada brilho no olhar, cada lágrima nostálgica e cada toque de dedos na capa já não tão nova dos livros. Porque, na verdade, a magia é eterna. Hogwarts sempre estará lá para me receber em casa.

Hoje eu pego esse trem e volto para a plataforma 9 ¾ com a sensação de missão cumprida. E o orgulho por ver essa série indescritível, que mudou tanto a minha vida de tantas maneiras diferentes, é maior do que qualquer tristeza que eu possa sentir. Porque, como diria o pequeno Harry de onze anos, e o meu eu de oito, eu não estou indo para casa. Não realmente.

Um comentário:

  1. Chorei lendo seu texto, porque ele é exatamente como eu me sinto (e provavelmente muita gente se sente) mas não consigo descrever. Não há nada que descreva o que é Harry Potter nas nossas vidas, mas você foi uma das que chegou mais perto disso.
    Obrigada, Tekinha :)

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