sábado, 29 de agosto de 2009

Ele nunca foi uma pessoa muito interessante. Freqüentava uma escola comum, tinha amigos idiotas, fazia coisas idiotas e, principalmente, falava coisas idiotas. Acho que quase nunca eu ouvi algo que pudesse ser aproveitado de maneira benéfica vindo da boca dele. Eram muitas besteiras, a maioria envolvendo garotas e, adivinhem, romances idiotas, só pra variar. Resumindo, ele era um idiota. Um completo idiota. Mas, por um motivo desconhecido, eu me senti atraída. Até hoje eu não entendo o que eu vi nele. Talvez curiosidade. Ou talvez ele tenha deixado alguma brecha em algum de seus discursos hipócritas por onde eu pude observar uma pessoa com potencial para ser mais que alguém vazio. Afinal, o vazio cria a oportunidade de ser preenchido. Então eu me aproximei. Aos pouquinhos, pé ante pé, dormindo com um olho fechado e um aberto. E como um artesão que lapida sua obra escultural, fui dando forma e brilho àquela pedra rústica. De repente ele passou a ser muito interessante, e cada detalhe obtido sobre sua vida me fazia querer descobrir ainda mais. Em pouco menos de um mês eu já sabia onde ele morava, o que ele fazia, o que os pais dele faziam, quais eram suas crenças. Em dois meses eu já conhecida os detalhes dos seus pensamentos, o profundo da sua alma. O resultado é tão óbvio quanto o clichê. Eu me envolvi demais.

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